Programa-piloto da UFABC com apoio do CNPq oferece doutorado vinculado a geração de produto.

Daniel Bueno | Pesquisa FAPESP - Desde o início de outubro até o dia 10 de novembro estão abertas as inscrições para o processo de seleção no programa de Doutorado Acadêmico Industrial (DAI) da Universidade Federal do ABC (UFABC), em Santo André, na Grande São Paulo. “Somos a única universidade que desenvolve um projeto desse tipo, por isso ele ainda é considerado como piloto”, diz o professor Wagner Alves Carvalho, coordenador do programa. “A ideia que deu origem a essa proposta é que o doutorando precisa, além de produção científica e defesa da tese, gerar no final um produto que possa ser aplicado no setor produtivo”, relata. O programa, resultado de um acordo feito com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foi iniciado em agosto de 2013. Atualmente são quatro os projetos em andamento, distribuídos nas áreas de nanociências em materiais avançados e energia.

Carvalho explica que para a empresa ser parceira no programa ela precisa ter dentro da sua estrutura pelo menos um profissional que atue com pesquisa, desenvolvimento e inovação. “O projeto é concebido em parceria entre a universidade e a empresa”, diz. Cabe à empresa oferecer a infraestrutura para o desenvolvimento do projeto de e indicar um supervisor industrial, que atua como um co-orientador. Ao mesmo tempo, o aluno também tem um orientador acadêmico e toda a infraestrutura da universidade à disposição. “Temos um grupo de orientadores cadastrados que faz a ponte com o supervisor industrial”, diz Carvalho.

De modo geral, os alunos que procuram o doutorado acadêmico já sabem em que área pretendem atuar e quais as empresas de interesse. Mas a universidade também tem uma lista de companhias dispostas a receber os alunos na fase de pré-doutorado, como é chamada a primeira etapa de prospecção do projeto de pesquisa (mais informações no link http://propg.ufabc.edu.br/doutorado-academico-industrial-dai/). Uma parte dessas empresas foi contatada por meio dos próprios orientadores, que já mantém colaborações em projetos de pesquisa, e outras pela agência de inovação da universidade. Carvalho relata que quando faz apresentações do programa em empresas a primeira pergunta que ouve é: “qual a nossa contrapartida financeira?”. Essa contrapartida limita-se ao seguro, auxílio-alimentação e transporte para o aluno selecionado, os mesmos benefícios dados aos funcionários.

No processo de inscrição, além dos documentos normalmente solicitados nesses processos seletivos, os interessados precisam apresentar uma carta de motivação e duas cartas de recomendação.“Na carta de motivação é preciso também justificar a razão pela qual ele está se candidatando a esse tipo de programa, e não a um programa acadêmico clássico, já que os perfis são distintos”, diz Carvalho. Os selecionados são matriculados na universidade inicialmente como alunos especiais vinculados ao doutorado acadêmico industrial. “Durante seis meses eles ficam integralmente na empresa, para prospecção dos possíveis projetos de pesquisa que poderão ser desenvolvidos.”

Identificada a proposta de pesquisa, o aluno escreve o projeto e o encaminha ao programa para ser então submetido a aprovação do supervisor industrial e do orientador acadêmico. “A proposta precisa ter tanto a abrangência de um projeto de doutorado clássico como o assunto escolhido ser de interesse da empresa. “Após a aprovação do projeto, é feita a matrícula do doutorando em um dos programas regulares de pós-graduação. Desde o pré-doutorado, quando o aluno entra na empresa, ele já começa a receber uma bolsa do CNPq por até seis meses, que se estenderá por mais 48 após a aprovação do doutorado.

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Este texto foi originalmente publicado por Pesquisa FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.