Uma equipe de físicos da Universidade Federal do ABC (UFABC), de Santo André, demonstrou em teoria que o grafeno, um filme formado exclusivamente por átomos de carbono arranjados em hexágonos, pode ser quimicamente modificado por meio de um processo espontâneo e, dessa forma, aumentar suas aplicações. Candidato a substituto do silício nos nanotransistores do futuro, o grafeno foi usado para separar dois meios distintos, um rico em boro e outro em nitrogênio. Por ser extremamente fina, a membrana de grafeno permite que os átomos localizados de um lado sintam a presença dos átomos do outro elemento, situados do outro lado. Em razão dessa particularidade, ocorre uma reação interessante. “Os átomos de boro migram e são espontaneamente incorporados à membrana”, explica Gustavo Dalpian, da UFABC, um dos autores do trabalho ao lado de Renato B. Pontes e Adalberto Fazzio. “A possibilidade de aplicações da membrana de grafeno é enorme, variando de dispositivos eletrônicos a nanobalões [para levar medicamentos ao interior de um organismo].” Modificado, o grafeno, que antes tinha seis carbonos, fica com cinco carbonos e um boro. No final do experimento, simulado num supercomputador, os átomos de nitrogênio são eliminados do sistema por meio de outra reação. O trabalho foi publicado em 26 de janeiro na revista científica Physical Review B.

Este texto foi originalmente publicado por Pesquisa FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.